sábado, 3 de maio de 2008

Fichamento do texto « DE DECCA, Edgar. O colonialismo como a glória do império. In: REIS FILHO, Daniel A. et alli (Org.). O século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, pp. 151-181. »

Edgar de Decca divide o texto em quatro eixos principais de discussão:

1- A expansão capitalista
Busca por novos domínios coloniais foi algo predominantemente europeu. Tal busca concentrou-se, basicamente, em relação a fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores que suprissem as necessidades de exportação de países europeus como Inglaterra e França, em meio à crescente produção industrial; dirigindo-se, majoritariamente, para regiões como o continente africano, Ásia, e para áreas territoriais banhadas pelo Pacífico. Decca chama a atenção para o uso do termo imperialismo, que seria errôneo, posto que implicaria a extensão de leis e instituições dos países colonizadores às regiões exploradas, dotando de igual direito os cidadãos metropolitanos e os nativos – o que de fato não ocorreu.

2- As fronteiras do capitalismo
As transformações pelas quais países como a Inglaterra passaram, se relacionam diretamente com o grau de competitividade da época, impulsionando tanto a busca por novas regiões a serem exploradas, quanto um conflito iminente entre as grandes potências econômicas emergentes na Europa. Esse ambiente de expansão econômica amplia as transformações dos centros metropolitanos europeus; a vida urbana passa por profundas alterações de comportamento, inseridas em um ambiente de expansão do sistema de venda e exposição de produtos. O sistema capitalista cada vez mais desenvolve seus potenciais de produção e consumo. Novos mecanismos como o marketing impulsionam tal desenvolvimento. O turismo surge, neste período, mediante os estímulos que agiam sobre consumo, a “venda de sonhos” estimulada pelo capitalismo. O capitalismo incentivava, cada vez mais, a destruição das fronteiras de dominação, introduzindo o sistema de capital às mais diversas regiões do mundo.

3- A aventura capitalista
Um novo homem surge ao final do século XIX: mais sujeito às mais variadas formas de desejos e prazeres postos à sua disposição mediante as oportunidades de satisfação estimuladas pela industrialização. Esse mesmo homem tornou-se mais passível de ser conhecido, “estudado”, por um novo campo do conhecimento empenhado a decifrar os segredos da consciência humana: a psicologia. A aventura imperialista incentivou uma extensa produção literária, à qual unem-se obras dedicadas à legitimação do domínio europeu, e também outras anunciantes de futuras transformações desse, até então, momento “agradável”. Como diz Decca,
“O mundo parecia não ter fronteiras e o homem moderno urbano europeu, que sonhava aventuras arrebatadoras, acreditava que a expansão não tinha limites. Esse homem, (...), tinha no romance de aventuras a possibilidade de sonhar com uma vida diferente da sua, limitada pelas necessidades e pela repetição monótona do cotidiano das grandes cidades.” (p. 168).
Decca explica também que o termo imperialismo deva designar determinados elementos da política e da cultura européias que fizeram despertar no homem moderno os desejos ilimitados de expansão. Isso significa que a administração das regiões exploradas seguia uma lógica, na maior parte das vezes, metropolitana, e não nativa.

4- O socialismo
Em meio ao crescente desenvolvimento do sistema capitalista, os trabalhadores permaneciam em más situações de sobrevivência e trabalho. Os trabalhadores passaram a unir-se a partidos e organizações existentes em grande parte da Europa; isto é, o avanço do capitalismo na Europa e pelo mundo fez dos trabalhadores uma força política significativa, incapaz de ser ignorada. Em relação a esse período, de acordo Decca, aparecem duas questões fundamentais em relação ao socialismo: 1ª) corresponde à disputa entre os partidários da revolução e os do reformismo; 2ª) refere-se à difusão do socialismo no mundo, e os reflexos disso diante do imperialismo. Em relação à primeira questão, essa falta de consenso provocou uma acirrada disputa política entre os partidários do marxismo; enquanto à segunda, a proporção da geografia imperialista (sem fronteiras) implicou na vulgarização da doutrina marxista, na medida em que o seu entendimento passou a ser determinado a partir de uma lógica teórica simplista.

5- A Belle Époque
Neste período de ampliação das oportunidades e satisfação de desejos, o cenário europeu passa a ser dominado por um ambiente de incertezas e dúvidas constantes. A maior parte dos avanços tecnológicos, descobertas e transformações, foram permitidas pela industrialização. Surgem nesse período, a psicanálise, a sociologia, variados tipos de credos (quiromancia, ocultismo, espiritismo, etc.), além de surgirem novos personagens na cena política, como a mulher. Mesmo com um ar de euforia, impulsionado pelo estímulo ao consumo e às satisfações garantidas pelo próprio avanço da tecnologia, tornava-se mais evidente a apreensão de um “mal-estar” da civilização. A Belle Époque, de acordo com Decca, marca o surgimento de novas sensações e estilos artísticos, interligados a esse pessimismo geral, quase que anunciador de um iminente horror que a sociedade européia viria a vivenciar, a Primeira Guerra.

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