domingo, 25 de maio de 2008

Fichamento do Texto « HOBSBAWM, Eric J. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, Capítulo 4-6, pp. 125-232. »

Capítulo 4, pp.125-161:
Hobsbawm, neste capítulo, aborda toda a discussão dividindo-a em quatro partes:

1- No século XIX, a sociedade burguesa enfrentara um momento singular, marcado pelo “problema” relacionado à ascensão do sistema político democrático. Nisso, percebe-se o dilema ao qual se inseria o liberalismo do século XIX: ao passo que incentivava a existência de instituições de caráter democrático, “esforçava-se por se desviar, sendo antidemocrático” (p. 126). Após 1870, o movimento de democratização das políticas estatais se tornou algo inevitável, e por isso, cada vez mais foi necessário a implantação de estratégias de manipulação/controle de suas estruturas. Tais “mecanismos” foram, pois, incapazes de deter o avanço do sistema democrático, mas eficientes no sentido de “contornar” as novas situações de participação social. Em meio a isso, formas de mobilização social se desenvolveram mediante a identificação com grupos religiosos (Igreja católica), e em relação a ideologias, como o nacionalismo.

2- Durante, principalmente, o final do século XIX, os governos europeus tiveram que conviver com o surgimento e ascensão de novos movimentos de massas; a predominância política da burguesia liberal, pois, viu-se declinar mediante a Grande Depressão e às novas perspectivas de mobilização social. As estratégias políticas tornavam-se, imediatamente, necessárias às novas realidades.

3- Em meio à tentativa de minimizar o “impacto” do ingresso das massas nas decisões políticas, as classes dominantes dispuseram de estratégias de “controle”. Dentre as estratégias: alinhamento e união de partidos “radicais” às reformas internas de caráter centralista, moderado; a implementação de políticas de bem-estar social, buscando minimizar os descontentamentos sociais; a propaganda de boas condições oriundas do imperialismo, assim como de um bom resultado pós-guerra; a criação e implementação de simbolismos/tradições, por intermédio da publicidade, como controle das massas.

4- As classes dominantes tiveram êxito em relação a mobilização das massas, integrando-as “ao sistema”. Movimentos como o socialista tornaram-se fracos ao “serem apanhados em sua teia”. Após a bem-sucedida integração política, os regimes tiveram de se defrontar com o desafio da ação direta, durante que antecederam à guerra, ameaçando, mais uma vez, a “estabilidade” do sistema. O otimismo em relação ao regime democrático (de acordo com sua compatibilidade com o capitalismo), esteve associado à crença na inevitabilidade histórica, incitando, pois, que o progresso universal ulterior não estaria mais em condições de ser concebido. A estabilidade da Belle Époque não mais era visto; o capitalismo deveria, conseqüentemente, se distanciar da democracia burguesa.


Capítulo 5, pp. 163-202:
Hobsbawm, neste capítulo, aborda as seguintes principais questões:

1- O proletariado, em meio às suas condições econômicas e sociais, ampliava tanto sua participação numérica e política, quanto sua identificação como classe social, adquirindo em si, consciência de classe, na medida em que, pois, o sistema industrial (principalmente europeu) expandia sua capacidade de produção. O proletariado tornou-se mais presente em grande parte das cidades (não apenas de caráter industrial) européias, cuja “utilidade” era estendida a diversos setores empregatícios; essa é uma característica fundamental do final do século XIX: aumento do proletariado. Neste sentido, de acordo com Hobsbawm,

“(...) não havia país industrializado, em fase de industrialização ou de urbanização, que pudesse deixar de tomar consciência dessas massas de trabalhadores (...), que tornavam uma proporção crescente de seus povos e, ao que parecia um aumento inevitável; dentro em pouco, provavelmente seriam uma maioria.” (p. 168)

O fato de os proletários passarem a organizarem-se de acordo com uma consciência de classe implicou em uma maior mobilização política, onde os sistemas democráticos permitissem, unindo-se em associações partidárias. A existência de partidos operários e socialistas tornou-se uma constante; o número de tais partidos cresceu significativamente e constantemente por toda a Europa.

2- O proletariado amalgamava em si um número muito grande e distinto de trabalhadores, que, em parte, detinham expectativas diferentes de luta. A heterogeneidade do proletariado está associada a uma dificuldade de se estabelecer uma consciência de classe unificada e, por isso, mais vulnerável às reações dos grupos dominantes. Contudo, mesmo com a presença de identificações alternativas de classes operárias, não era excluída a identidade de classe operária como tal; o que ocorria era apenas uma limitação, isto é, as identificações alternativas impediam que se formasse uma consciência política de classe proletária (uma identidade coesa entre as várias classes de trabalhadores). Mas percebe-se, em meio a isso, uma unificação; mas como?

3- Um mecanismo utilizado para se unificar era a ideologia – pregada, principalmente, pelos socialistas e anarquistas. O sindicalismo, neste sentido, funcionou como um meio útil de se organizar os trabalhadores sob estruturas abrangentes. O sistema democrático de participação política e eleitoral assegurou que a unificação dos operários em uma classe também fosse empreendida por intermédio do Estado: a criação e implementação de legislações trabalhistas se relaciona, pois, com uma caracterização nacional dos trabalhadores; isto é, impõe mesmas leis para diferentes categorias operárias, ajuda-se a criar uma consciência de classe proletária.

4- Uma característica destacada por Hobsbawm diz que a identificação apolítica de classe constituía uma consciência de pertencimento a diferentes grupos de operários. Por intermédio da criação de sindicatos, cooperativas e associações, formava-se a capacidade de “coincidência” das lutas políticas das categorias trabalhistas. Neste sentido, a manutenção de uma consciência de classe trabalhadora se sustinha na apenas na idéia de que o capitalismo não lhes garantia suas condições necessárias, mas também pelo fato de que a ação e a organização seriam os elementos decisivos para se alcançar a mudança.

5- Os partidos socialistas adquiriram certo status, na medida em que ganharam uma base de massa. Tais partidos, ao denunciarem as condições as quais se inseriam os operários, atraiam para si outras categorias de pessoas pobres que não necessariamente fossem proletários. Defendiam suas propostas mediante uma concepção “progressista”, associada à garantia de boas condições econômico-sociais futuras ao operariado.

Capítulo 6, pp. 203-232:
Hobsbawm, neste capítulo, aborda as seguintes principais questões:

1- A ascensão do nacionalismo foi um importante produto originário do processo de democratização do século XIX. Hobsbawm destaca três tendências do nacionalismo neste período: (1) o surgimento do nacionalismo e patriotismo, associado à direita política; (2) a autodeterminação nacional, onde tornava-se legítimo a reivindicação de caráter “nacional” por parte de grupos sociais, cuja finalidade era a de constituir um Estado soberano; (3) independência do Estado, concebida mediante a consideração de que a autodeterminação está ligada a uma questão de autonomia nacional; e (4) definição étnica de nação. O dado significativo, destacado por Hobsbawm, condiz com as diversas atribuições relacionadas à identificação do nacionalismo; as transformações de seu significado. A nação correspondia a uma forma de agregação dos cidadãos em torno da figura do Estado. Os Estados foram também importantes na consolidação de um patriotismo, uma concepção nacional, que se relaciona a uma ambivalência de identificação – enquanto unia uns habitantes, excluía outros, mediante a ideologia oficial.

2- O nacionalismo é responsável pelo desenvolvimento do ideal de xenofobismo, não apenas por parte dos cidadãos em si, mas também por parte dos trabalhadores nacionais em relação a estrangeiros (disputa por empregos). Isto também está relacionado à ascensão de uma concepção de neotradicionalismo – aversão a novas tendências de identidade cultural, oriunda dos contatos de novos indivíduos, estrangeiros. O avanço do nacionalismo, na medida em que esteve associado a estratos médios da sociedade, dispõe de três características: a mudança baseada em questões de língua; um reivindicação por Estados independentes; deslocamento para a direita e ultradireita na política.

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